O Café de Flore nasceu em Paris no ano de 1887, em de
Saint-Germain-des-Prés. O seu nome, foi inspirado na estátua da deusa Flora que
então ornamentava o outro lado da rua: 172, Boulevard St. Germain. Pelo Café de
Flore passaram e fizeram história um sem-número de artistas e intelectuais.
Em 1913, o poeta Guillaume Apollinaire fez do Flore o seu escritório.
Ali, os seus admiradores André Breton, Philipe Soupault e Louis Aragon conheceram-se e formaram o núcleo francês do
Dadaismo, que, após dissidência, em 1918, criaria o Surrealismo. Na década de
1930, o Café de Flore foi frequentado por importantes escritores, pintores,
cineastas e actores da época, como George Bataille, Michel Leiris, Albert
Camus, Pablo Picasso, Alberto Giacometti, Jean Vilar, Marcel Carné e Jacques
Prévert.
Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir começaram a frequentar o Café de
Flore em 1939. Nas palavras do filósofo-escritor: "Nós instalámo-nos
completamente no Café: das nove da manhã ao meio-dia, trabalhávamos. Saíamos
para almoçar e voltávamos às duas, e conversávamos com os amigos que tínhamos
encontrado até às oito horas. Depois do jantar, recebíamos as pessoas que tinham
marcado encontro. Pode parecer estranho, mas no Flore estávamos em casa."
Durante a ocupação alemã (1940-1944), o Café tornou-se num importante
foco da Resistência, onde se reuniam "o bando" de Jacques Prévert, o “grupo”
de Marguerite Duras e a "família" de Sartre. A actriz Simone
Signoret, nas suas memórias, diz: "Nasci, numa noite de 1941, num
banquinho do Café de Flore."
Após a Segunda Guerra, e durante toda a década de 1950, as idéias de
Sartre alcançaram uma ressonância sem precedentes, conquistando uma multidão de
seguidores. Foram os anos de apogeu do Existencialismo, quando a musa Juliette
Gréco e Boris Vian percorriam as "caves" de Paris com alguns dos mais
importantes artistas do Jazz americano. O Café de Flore tornou-se desde então,
um local de peregrinação.
Pinturas de Miki Karni